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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Da série: Meu querido diário...

E hoje pela manhã...

 
Estou no ponto de ônibus, já são 08:30 da manhã e estou indo trabalhar.
O ônibus chega, pra variar lotado, afinal vem  lá da Pavuna (para quem não conhece fica logo ali, mais precisamente na put*# que pariu, uns 3 dias de onde moro...rs)


Subo no ônibus, (ou pelo menos tento), outros 10 sobem comigo. 
Quando já estou com muito custo no segundo degrau, o motorista vira para o povo e diz:
- Ô pessoal ! Sobe mais um pouco, senão a porta não fecha e ninguém sai!






- Sobe mais prá onde? - pensei. - Será que devo flutuar?
E continuei praticamente esmigalhada na porta.






Enquanto meditava sobre o que fazer para andar mais alguns passos ali dentro, ouvi a seguinte conversa entre 3 moças ao meu lado:
- Quer que segure a sua bolsa?
- Ai, obrigada. Bolsa grande às vezes atrapalha.
- Mas também é tudo de bom, né? Cabe tudo. O que a gente pensar, tá lá.
- É, mas quanto maior, mais tralha a gente carrega também.
- Na minha tem tudo que você possa imaginar. kit costura..
- Tenho também. Agulha, linha...tem maquiagem..
- Escova de cabelos...
- Necessaire..
- Na empresa onde trabalho tem que levar marmita. Então já viu: tem uma prá salada, uma prá mistura, uma pro arroz e feijão. Fora o bolo e as frutas.
- Tem que tomar cuidado prá necessaire não misturar com a marmita. Já pensou o batom com cheiro de feijão?
- Mulher é fogo, né?
- Ahhhh, mas hoje homem também leva um monte de coisas...
- É...só que numa mochila....
- É...é a única diferença.
- Levam creme prás mãos..






- Necessaire...
- Livro....
- É...eles são metro...metro....como é que é o nome?
- Metrossexual.
- Isso.
Já praticamente asfixiada com tanta gente ao meu redor e me concentrando para não desmaiar por ali mesmo,ah, porque se desmaiasse ali, com toda certeza ninguém perceberia pois não tinha nem espaço para dar uma tombadinha, que dirá cair.Ia ficar desmaiada em pé mesmo e o povo ia achar que estava me aproveitando de tamanho conforto e tirando um cochilo ou algo do tipo.
Resolvi olhar ao meu redor (pra quê!?) e percebi que tinha um cara ao meu lado. 
Barba por fazer. Cheiro de suor já pela manhã. Camisa amassada. 
Não....posso até estar enganada, mas não acredito que na mochila dele tem creme prás mãos e algum livro.






Como se estivesse adivinhando minha agonia, ele me encarou ( agora sim, minha manhã ficou completa...!). 
Desviei o olhar prá um cartaz dentro do ônibus, que dizia:
"Senhor passageiro, evite ficar parado na porta. Distribua-se pelo interior do ônibus".
Não entendi...
Distribua-se pelo interior do ônibus? 
Como meu Deus???? 
Um braço perto do motorista, a perna perto da porta de saída, a cabeça em algum banco?
 O que era aquilo? 
Sugestão de auto- esquartejamento?






O ônibus parou no ponto. 
Ninguem desceu. 
Subiram mais 5!!!
- Aperta aí, gente! Dá mais um passinho prá frente!
- Tá vazio aí no meio disseram.
Pensei:
- Vazio onde? 
Cê acha que aqui tá bom, então manda a tua mãe prá cá!






- Ai meu Deus, calma Lúcia....tá chegando....
O motorista resolve ligar o rádio. 
É o Belo cantando... Socorro! 
Olho pro lado e vejo o barbudo suado. 
Ele me encara novamente. 
Eu começo a pensar que o auto- esquartejamento pode ser uma opção...

(rs)





1 comentários:

Sandra Regina disse...

Muito muito muito bom!!! rsrs...
Bjs irmã!