Pages

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

By Elisa Lucinda....
.
A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
.
Bobeou eu tô morrendo
.
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
.
Há nós que não dissolvo e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores dentro das perdas de coisas antes possuídas dentro das alegrias havidas
.
Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala nem informática
nem cabala eu era uma espécie de Lázara poeta ressucitada
passaporte sem mala com destino de nada!
.
A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida cheia de pêsames
nos ombros dos parentes chorosos cheio do sorriso
culpado dos inimigos invejosos
que já to ficando especialista em renascimento
.
Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter nem zangada,
nem histérica,
nem puta da vida!
Tô nocauteada,
tô morrida!
.
Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa não tem aquela ansiedade para entrar em cena
É uma espécie de venda uma espécie de encomenda
que a gente faz pra ter depois
ter um produto com maior resistência
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)
e fica feito a justiça:
cega!
Depois acorda bela
corta os cabelos
muda a maquiagem
reinventa modelos
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida pergunta ao teu eu:
"Onde cê tava?
Tava sumida, morreu?"
E a gente com aquela cara de fantasma moderno, de expersona falida:
- Não, tava só deprimida.

0 comentários: