Memórias de Emília, 1936, Monteiro Lobato
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“…a vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca.A gente nasce, isto é, começa a piscar.
Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso.
É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais.
A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso.
Um rosário de piscadas.
Cada pisco é um dia.
pisca e mama;pisca e anda;pisca e brinca;pisca e estuda;pisca e ama;pisca e cria filhos;pisca e geme os reumatismos;
por fim, pisca pela última vez e morre.
- E depois que morre? - perguntou o Visconde.
- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?”
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