Pages

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

"Mães só morrem quando querem"
.
.
Eu tinha 7 anos quando "matei" minha mãe pela primeira vez...
Eu não a queria junto a mim quando chegasse à escola em meu primeiro dia de aula. Eu me achava forte o suficiente para enfrentar os desafios que a nova vida iria me trazer. Poucas semanas depois descobri aliviado que ela ainda estava lá, pronta para me defender não somente daqueles brutamontes que me ameaçavam, como das dificuldades instransponíveis da tabuada.
Quando fiz 14 anos eu a "matei" novamente...
Não a queria me impondo regras ou limites, nem que me impedisse de viver a plenitude dos vôos juvenis. Mas logo no primeiro porre eu felizmente a redescobri viva. Foi quando ela não só me curou da ressaca, como impediu que eu levasse uma vergonhosa surra do meu pai.
Aos 18 anos achei que "mataria" minha mãe definitivamente, sem chances para ressurreição. Entrara na faculdade, iria morar em república, faria política estudantil, atividades em que a presença materna não cabia em nenhuma hipótese. Ledo engano... Quando me descobri confuso sobre qual rumo seguir voltei a casa materna, único espaço possível de guarida e compreensão.
Aos 23 anos me dei conta de que a morte materna era possível, apenas requeria lentidão. Foi quando me casei, fiquei "bandeira de independência" e segui viagem. Mas bastou nascer a primeira filha para descobrir que o bicho mãe se transformara numa espécie ainda mais vigoroso chamado avó. Para quem ainda não viveu a experiência, avó é mãe em dose dupla.
Apesar de tudo continuei acreditando na tese da morte lenta e demorada, e aos poucos fui me sentindo mais distsnte e autônomo, mesmo que a intervalos regulares ela reaparecesse em minha vida desempenhando papéis importantes e únicos, papéis que somente ela poderia protagonizar.
Mas o final dessa história, ao contrário do que eu sempre imaginei, foi ela que definiu:
Quando menos esperava, ela decidiu morrer.
Assim, sem mais, nem menos, sem pedir licença ou permissão, sem data marcada ou ocasião para despedida. Ela simplesmente se foi, deixando a lição que mães são para sempre.
Ao contrário do que sempre imaginei, são elas que decidem o quanto esta eternidade pode durar em vida, e quando fica relegado para o estéreo terrena da saudade.

0 comentários: